Pesquisa apontou também o Ceará como 2º no ranking geral de estados com iniciativas de combate às drogas.
Não
tem mais dia e hora. Pode ser em uma cidade pequena ou na Capital. O
fato é que o Ceará está sendo dominado pelas "pedras", pelo uso do crack
e outras drogas. Prova disto é a pesquisa realizada pela Confederação
Nacional dos Municípios (CMN) que revela um dado preocupante: dos 184
municípios, 114 têm circulação de entorpecentes.
Desses,
36 municípios cearenses estão com alto nível de consumo do crack, 31%
de todo o território em estado de alerta. Fortaleza, proporcionalmente à
taxa de habitantes, ficou com índice médio de uso da "pedra".
Em
meio a fatos negativos, o estudo do CMN revela um dado mais otimista. O
Ceará é o 2º colocado no ranking de cidades com iniciativas contra o
crack. De 117 localidades cearenses pesquisadas, 69 disseram ter ações
de tratamento e combate.
Entretanto,
com relação aos recursos destinados para os projetos, o Estado está
como 8º lugar, perdendo para Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraná,
Piauí, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Distrito Federal.
Recursos
A
pesquisa da CMN apresenta uma tabela com os valores orçados para
programas de combate às drogas nos últimos dois anos. Comparando o
período no Ceará, percebe-se uma queda de 19% nos investimentos.
Orçou-se 309 mil para 2010 e apenas 247, 5 mil para este ano. A própria
Confederação Nacional dos Municípios critica as rubricas.
"Esta
consulta aos orçamentos nos indica que os recursos para o financiamento
de todas as ações que são necessárias para o enfrentamento aos
problemas relacionados às drogas são parcos. O Governo Federal que devia
ser o maior indutor de recursos, acaba investindo muito pouco nessa
área", expõe.
Avaliando
o cenário, a coordenadora de Saúde mental, álcool e outras drogas da
Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Rane Félix, confessa a dificuldade
de trabalho e reclama do "peso" que a gestão municipal está tendo, em
sozinha e com pouca ajuda federal, em arcar com a política na Capital.
"Fortaleza
até que tem uma rede bem ampla, com bastantes serviços. Estamos fazendo
a diferença. Entretanto, sinto que o Governo do Estado deveria entrar
mais e ajudar a combater no Interior para não sobrecarregar em
Fortaleza", relata. Ela comenta ainda que já é difícil verba para
atenção básica, imagina para a prevenção e combate.
Mapeando
as iniciativas da gestão, teríamos, conforme Rane, 14 Caps que atendem,
no total, uma média 9 mil pessoas por mês. Os Caps Álcool e Drogas (AD)
recebem cerca de 500 pessoas mês e dois Caps infantil com cerca de mil
crianças e adolescentes a cada 30 dias.
Um
outro serviço, apontado pela gestão como pioneiro no nordeste, seria o
Consultório de Rua, funcionando no turno da manhã e de 16h às 22h. Além
das parcerias com 120 vagas em Comunidades Terapêuticas.
Entretanto,
apesar do montante apresentados pela SMS, a demanda de usuários
precisando de tratamento é muito maior que a capacidade real, critica
Cristina Munguba, presidente do Desafio Jovem do Ceará.
"A
procura por cuidados é muito grande. Na parte de internação, por
exemplo, nenhuma comunidade está conseguindo dar conta do excesso de
doentes. Muitos estão desassistidos e até morrendo", afirma Cristina.
Vivendo
de doações e apenas com apoio de um convênio com o Governo do Estado,
ela conta que o Desafio está passando por um sufoco, tendo que limitar
as vagas e com contas de luz, água e salários atrasados. "Falta
dinheiro, enquanto vemos a crescente de jovens sofrendo com o vício. Uma
contradição", disse.
Nacional
Em
âmbito nacional, o estudo apontou ainda que, dentre os municípios
pesquisados, 89,4% indicaram que enfrentam problemas com a circulação de
drogas em seu território. Somente 10,2% citaram que não enfrentam este
tipo de problema e 0,4% não souberam informar.
Quanto
a circulação da droga no território nacional, 6,8% indicaram que o
crack é a droga predominante, 22,9% indicaram que são outras drogas, e a
grande maioria 68,7% indicaram que são ambas as drogas que circulam na
sua localidade.
Sobre a situação principalmente no Interior, não obtivemos retorno da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa).
Preocupante
114
dos 184 municípios do Estado do Ceará têm circulação de entorpecentes,
confirma a pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios (CNM)
Diário do Nordeste
FONTE: Ipu Notícias